Vaiar nunca foi tão importante: deputados aprovam criação do Dia da Vaia Cearense

Vaiar nunca foi tão importante: deputados aprovam criação do Dia da Vaia Cearense

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A justificativa da data, escolhida a dedo, vem de uma história, no mínimo, curiosa, que tem como cenário um dos principais cartões postais da cidade de Fortaleza

Por Leonardo Piccinini

Diferente de outras culturas, a vaia tem uma essência diferente no Ceará. Não é à toa que encontrar um cearense em qualquer lugar do mundo é muito simples: basta gritar “Iêêêêêi”. Mais do que uma brincadeira, a Vaia Cearense rompeu as fronteiras e foi reconhecida oficialmente. Nesta terça-feira, 10, foi votado na Assembléia Legislativa do Ceará (Alece) o Projeto de Lei (PL) 551/24, que institui o dia 30 de janeiro como o Dia Estadual da Vaia Cearense.

O deputado estadual Guilherme Sampaio (PT), autor do PL, justificou a escolha da data como uma homenagem ao dia exato em que o povo cearense vaiou o Sol na Praça do Ferreira, 82 anos atrás, após três dias de chuvas torrenciais. “Por volta de meio-dia, não suportando mais tanta água, o povo ali reunido, quando viu o sol ressurgindo, vaiou o sol, de forma espontânea”, apresentou o deputado. 

O fato inusitado foi registrado pelo jornal O Povo, na edição de 31 de Janeiro de 1942. Para o jornalista, escritor e compositor Tarcísio Matos, o projeto tem uma importância gigantesca, e ressalta que a vaia é um recurso utilizado pela humanidade há muito tempo. “Vaia de crítica, vaia gloriosa, vaia gaiata. Para tudo no mundo a pessoa tem vaia, em toda parte, a toda hora, em todo tom, tamanhos e feitio”, discorre. 

Matos ressalta, porém, que o som possui um significado muito diferente em terras alencarinas. “Ocorre que, nesse recanto de planeta, onde repousa o Estado do Ceará, um quê de diferente há no ato de vaiar. A vaia nossa, escandalosa e farta, é única. Somos o Ceará Moleque, afinal. A vaia daqui vem do fundo da alma”, afirma.

O jornalista confessa ainda que acredita haver um grande ganho com a oficialização da data, dando respeito ao que muitos pensam ser apenas escárnio, insatisfação, ou simples gozação. “Somos a terra do Bode Ioiô, de Quintino Cunha e de Chico Anysio. Bicho, coisa e gente fora da curva no campo do humor, que cura e dá leveza”. Ele afirma que rir faz bem, especialmente nesses tempos de intriga. “A vaia aqui de nós ter seu dia quer dizer isso: a molecagem cearense é coisa séria, uma riqueza da cultura universal”, finaliza Matos.

Os 80 anos da “Vaia ao Sol” na Praça do Ferreira, evento organizado pelo humorista Jader Soares em 2022 / Foto: Thais Mesquita/O Povo

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