Ao completar 72 anos de idade nesta quinta-feira, 5, cantor continua arrastando uma legião fiel de seguidores por todo o país. Mas, o que torna tão impossível camuflar tal paixão?
Por Leonardo Piccinini
Jogue a vida, arrisque tudo e curta este amor. O trecho da música “Preciso Dormir Princesa”, lançada no álbum Tambores Urbanos, em 1988, resume, de certa forma, a emoção que o cantor Bell Marques provoca em seus fãs. Conhecido por incontáveis clássicos imortalizados em sua voz e pelo carisma, o artista completa 72 anos nesta quinta-feira, 5; idade que choca muitas pessoas.
Com a mesma aparência e esbanjando a energia que sempre o acompanhou, o cantor prova, ano a ano, que é um verdadeiro fenômeno cultural. Mesmo com a chegada dos novos ritmos e artistas, Bell manteve-se firme, e continua a embalar a vida de milhões. Para se ter ideia do impacto, somente no Carnaval de Salvador de 2024, o baiano totalizou mais de 40 horas de show.
A legião de fãs que o acompanha é um verdadeiro testemunho do efeito duradouro de sua música. Desde o saudoso tempo com o Chiclete com Banana à carreira solo, Bell construiu uma base sólida de fãs que o adoram com a mesma paixão com que ele canta. Para seus seguidores, cada apresentação é uma celebração, cada show, uma experiência que transcende o mero entretenimento.
Felícia Morais, analista de processos na Junta Comercial do Ceará e seguidora fiel do artista, costuma dizer que acompanhar Bell é um de seus pouquíssimos hobbies. “Estar ao lado do trio me fez conhecer várias cidades e me rendeu bons amigos. Talvez por isso seja tão bom sair de casa e muitas vezes viajar vários quilômetros para me jogar em mais uma aventura micareteira”.
Ela recorda que a paixão começou ainda na infância, quando ouvia a mãe escutando discos do Chiclete com Banana. “Minha música favorita era Delícia Para Ti, pois minha mãe me fez acreditar que no refrão Bell cantava ‘ah, ah, Felícia…’”, brinca.
Já Victor Lima, jornalista e fã de Bell desde a década de 1990, conta que a paixão veio de pai para filho. “Meus pais ouviam muito Chiclete com Banana. Eles não costumavam viajar por questões financeiras, mas faziam questão de ir nos shows em Fortaleza, e sempre que possível me levavam”, relembra.
Quando questionado sobre os motivos de tamanha paixão, Victor explica que o principal é a energia que o cantor consegue transmitir de cima do trio elétrico. “A sensação que tenho é que ele vai ficando sempre melhor. Além de me proporcionar conhecer lugares novos, fazer novas amizades, fortalecer velhas amizades… tudo isso faz a experiência de seguir Bell parecer única e diferente de tudo”, confessa.
Victor ressalta que Bell já está na quinta geração de fãs, e que ele é um dos poucos artistas que consegue levar de crianças a idosos nos shows. “Hoje, no mundo, pouquíssimos artistas conseguem esse feito. Isso vem do fato dele sempre se renovar como artista e inovar”, explica.
Ana Beatriz Nunes, estudante de psicologia, faz parte da nova geração de seguidores. Ela conta que a paixão pelo cantor teve início no Bloquinho de Verão de 2022. “Foi o primeiro show que fui do Bell, e fiquei encantada com a energia e com o carinho que ele tem com os fãs”, diz.
Ela se emociona ao relembrar os momentos que já viveu com os amigos nas micaretas ao redor do país. “É sempre muito especial correr atrás do trio elétrico com as pessoas que a gente ama. Dá uma alegria diferente, sabe? Você olhar para o lado e ver seu amigo pulando e cantando a plenos pulmões os clássicos do Bell”.
Em 2024, a folia teve um gosto diferente para Ana Beatriz. Pela primeira vez, curtiu uma micareta com o namorado, João Gabriel. “Se curtir com os amigos já era maravilhoso, curtir com os amigos e com o meu amor foi mais ainda. As músicas do Bell falam muito sobre paixão, então é muito bacana viver isso com ele”, confessa.
Cada nota, cada verso, cada sorriso no rosto dos fãs é um testemunho da magia que Bell gera com sua música. Em um dos maiores sucessos, Selva Branca, o artista canta: “pra te encontrar, eu dou a volta no seu mundo, eu mudo seu mundo”. É exatamente esta a sensação que os fiéis seguidores têm ao escutar o primeiro acorde da famosa guitarra na concentração dos blocos.
Um som inconfundível, acompanhado do característico “boa noite, gente… chegou a nossa vez”, que Bell sempre expressa no início de seus shows. Ao desejar boa sorte para o público, o artista completa lembrando que, a partir daquele momento, o compromisso é com a alegria.
Alegria esta que faz todos que o acompanham cantarem com lágrimas nos olhos o verso: “o amor que a gente procurou por aí, disse que lindo é viver, lindo é viver, lindo é viver…”. E, de fato, é muito lindo viver essa paixão.
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