“Ninguém sabe meu nome”, com Ana Carbatti, reflete sobre o racismo invisível na sociedade

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Em cartaz na Caixa Cultural, a peça faz busca o equilíbrio entre humor e o tema sensível incentivando a empatia do público

Por Letícia Nunes

Uma reflexão sobre os impactos do racismo e relações sociais, a peça “Ninguém Sabe Meu Nome”, traz a atriz Ana Carbatti como a personagem Iara, uma mãe preta que enfrenta desafios para educar o  filho em uma sociedade que não o aceita como igual. Abrindo o mês da Consciência Negra, o monólogo está em cartaz na Caixa Cultural Fortaleza nos dias sexta, 8, sábado, 9, e domingo, 10, às 20 horas. 

Utilizando do humor, a peça tem o intuito de provocar empatia e conscientizar o público sobre a temática abordada. Para a atriz Ana Carbatti é possível encontrar o equilíbrio entre o riso e ao mesmo tempo incentivar a reflexão de temas sensíveis. “Teatro é entretenimento. Mas, sem dúvida, é principalmente a grande arena onde a sociedade pode se colocar para pensar junto e democraticamente”. Ana ressalta que o espetáculo faz o papel de acolhimento de ideias, usando o humor como ferramenta de aproximação. 

A artista explica que o teatro por ser uma arena democrática de um país consegue promover consciência aos espectadores, além de ter uma capacidade natural de igualar plateia e público e por sua própria história e função social, qualquer um pode ter voz. Dessa forma a intenção de “Ninguém Sabe Meu Nome”, além de conscientizar a existência de uma dívida histórica que não pode ser paga é direcionar o público.

O espetáculo, segundo a atriz, pretende conduzir o espectador a se responsabilizar e agir, entender que o problema do negro é um problema da branquitude e não do negro, e “que os grupos sociais minorizados politicamente não carecem de compaixão, mas de aliados agentes, não observadores distanciados”. 

Ana Carbatti revelou que trabalhar nesta peça, que tem traz uma mensagem forte, lhe trouxe novas reflexões e mudanças pessoais. “Me ajuda a conhecer melhor como nossa sociedade opera, no que concerne ao racismo estrutural. A entender melhor a tal estrutura. Me ajuda a argumentar melhor. Este espetáculo tem um impacto gigantesco na plateia, na equipe do projeto e, com certeza, em mim”, destacou.

A atriz também falou sobre como se conectou com a personagem Iara e as suas vivências.  “Todo personagem, de alguma forma, tem elementos da personalidade que o representa. Porque a construção mesmo de um personagem se dá a partir das experiências daqueles que o constroem”. Ana explica que a personagem não é diferente dela, além de ter um filho preto, também tem os mesmos medos da protagonista . “A Iara por sua vez, fala por muitas outras mães pretas. Então, estamos muito conectadas”, afirma. 

Fotos: reprodução/ instagram @ninguemsabemeunome_

No último domingo, 3, a artista ministrou a oficina “Meu corpo: ação e emoção teatral”, quando os participantes foram estimulados a criar uma partitura vocal e corporal que expresse o conteúdo de seus relatos pessoais na linguagem narrativa do teatro. 

Ana diz ter ficado impactada com a presença de oficinantes PcDs auditivos e de ter conseguido se comunicar com eles. “Não porque imaginava que seria difícil para eles, mas porque imaginava que seria difícil para mim. Mas, ainda melhor do que isso, foi perceber a juventude de Fortaleza engajada em interagir com eles, se comunicando por libras, se apresentando com sinais próprios de identificação”. 

Serviço

Monólogo ‘Ninguém Sabe Meu Nome’, com Ana Carbatti

Data: 8, 9 e 10 de novembro (sexta-feira, sábado e domingo)

Horário: às 20 horasLocal: Caixa Cultural Fortaleza

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