Em meio à urgência provocada pelas mudanças climáticas, a mesa “O jornalismo ambiental nos meios digitais” destacou a relevância de adaptar as narrativas ambientais às novas tecnologias
Por Mariah Salvatore
Com o Brasil atravessando uma crise ambiental sem precedentes, o 8º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA), iniciado nesta quarta-feira, 19, no Teatro Celina de Queiroz, destaca-se como um espaço essencial para discutir o futuro da cobertura jornalística nesse campo.
Em um contexto onde as mudanças climáticas, o desmatamento e os incêndios florestais ameaçam tanto o meio ambiente quanto a vida humana, o jornalismo ambiental tornou-se mais urgente do que nunca.
A mesa redonda ‘O jornalismo ambiental nos meios digitais’ trouxe ao palco especialistas no tema, como Dal Marcondes, diretor executivo da Envolverde e presidente da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA); Stefano Wrobleski, coordenador e jornalista de dados no InfoAmazonia; Paulo André Vieira, diretor executivo do Instituto O Eco; e Maristela Crispim, fundadora e editora-chefe do Instituto Eco Nordeste e professora do curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor), que sedia o congresso.
O debate girou em torno dos desafios e das oportunidades que a era digital oferece ao jornalismo ambiental. Marcondes ressaltou que o ‘Brasil está em chamas’, referindo-se não apenas aos incêndios na Amazônia, mas também à urgência de uma cobertura jornalística comprometida e eficiente nesse setor.
Segundo Marcondes, compreender a Amazônia em sua totalidade é fundamental para entender os complexos processos ambientais, sociais e econômicos que ocorrem na região. Ele enfatizou que os jornalistas têm a responsabilidade de ir além dos números de desmatamento e incêndios, explorando as causas subjacentes, os impactos nas comunidades indígenas e ribeirinhas, e as consequências globais dessas ações.
Para Stefano Wrobleski, os dados são uma ferramenta poderosa para o jornalismo ambiental. “No InfoAmazonia, usamos dados para mostrar o que está acontecendo na Amazônia em tempo real. Mas o verdadeiro desafio é ir além dos números e traduzir esses dados em narrativas humanas, conectando as pessoas à realidade vivida nas florestas”, explicou.
Já Paulo André, o jornalismo ambiental precisa ser combativo e investigativo, “especialmente num momento em que o Brasil enfrenta retrocessos em suas políticas de preservação”.
Para encerrar o debate, Maristela lembrou que o papel do profissional como jornalista ambiental, “principalmente no cenário digital, é trazer à tona histórias que estão sendo silenciadas”.
A era digital oferece uma série de oportunidades para a ampliação da cobertura jornalística sobre temas ambientais. Ferramentas como redes sociais, blogs e plataformas multimídia permitem uma distribuição rápida e ampla das informações, enquanto o uso de dados abertos e a interatividade digital possibilitam ao público uma participação mais ativa nas discussões sobre o meio ambiente.
O Teatro Celina de Queiroz foi o cenário ideal para esse debate, reunindo não apenas jornalistas e especialistas ambientais, mas também estudantes. A troca de experiências entre as gerações de jornalistas presentes demonstrou a importância de eventos como o CBJA para fomentar o diálogo e a capacitação na cobertura de temas ambientais.
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