Síndrome de Ménière, quando o silêncio é inexistente
Por Yasmim Rodrigues

A Síndrome de Ménière (ou Doença de Ménière) é caracterizada por três sintomas: tontura, zumbido e perda de audição. No início, a doença afeta, geralmente, apenas um dos ouvidos e as crises acontecem em intervalos de 20 minutos a algumas horas. Porém, com o passar do tempo, os sintomas podem se tornar mais constantes e afetar os dois ouvidos.
Ménière foi um médico francês do século XIX que percebeu que alguns pacientes apresentavam tontura, zumbido e perda de audição. O médico fez a necrópsia dos ouvidos de um paciente jovem que havia falecido por conta da Leucemia e percebeu que a endolinfa, líquido existente no ouvido interno, estava fazendo uma pressão grande dentro do ouvido. “O aumento da pressão da endolinfa é que leva os pacientes a terem esses sintomas, porém, o que leva a endolinfa a ter um aumento da pressão é o que não se sabe”, explica o otorrinolaringologista Paulo Fernando de Carvalho, 47.
No entanto, a doença de Ménière é considerada uma condição rara, por isso é necessário investigar se algum sintoma da síndrome se manifestar. Numa enquete feita pelo Jornalismo NIC com 104 jovens entre 16 e 23 anos, 57% afirmaram ouvir uma espécie de zumbido quando se encontram em ambientes silenciosos ou quando tampam os ouvidos. O otorrinolaringologista, Paulo de Carvalho, explica que nem sempre o zumbido é sintoma da síndrome. “O zumbido tem inúmeras causas, pode ser causado por pressão alta, diabetes, anemia ou perda de audição. O zumbido é muito mais frequente do que a Síndrome de Ménière”, afirma.

Sintomas
Além da tríade sintomática citada anteriormente, em alguns casos ocorre uma sensação de ouvido cheio ou de ouvido tampado. “Nas crises, sinto tontura, náusea, zumbido, irritabilidade, cefaléia e perda auditiva”, conta a dentista Vera Rodrigues, 55, que convive com a doença há cerca de 15 anos e já está na fase na qual o zumbido é constante e afeta os dois ouvidos.
Para ela, as crises acontecem quando o estresse está muito alto. Mas ela ressalta o quanto é difícil não se estressar. “As pessoas tem um certo grau de fobia ao tratamento odontológico e eu tento fazer com que elas relaxem para que eu não absorva a tensão gerada. Porém, ao final do expediente, estou sempre esgotada física e mentalmente”, desabafa. Além disso, os sintomas não afetam apenas fisicamente, pois, para a dentista, a sensação de impotência durante as crises é tão ruim quanto os efeitos físicos. “Quando começa, deixa a impressão de que não vai passar e que vou ficar incapacitada para o trabalho e para a vida em geral”, conta. “Depois de vários tratamentos sem sucesso procuro esquecer que ele [zumbido] existe e assim vou vivendo”, explica.
Tratamento e prevenção
Durante as crises, são utilizados medicamentos antivertiginosos, medicamentos para náusea e também diuréticos, na tentativa de diminuir a pressão da endolinfa dentro do ouvido interno. “As crises de labirinto causam muita náusea e às vezes até vômito”, explica o médico. “Para aliviar os sintomas, utilizo os medicamentos indicados pelo médico e procuro relaxar lendo histórias de ficção, nas quais tento entrar nas histórias e esquecer o meu problema”, conta a dentista. Confira algumas recomendações para evitar as crises:

Os pacientes também podem ser encaminhados para a reabilitação vestibular. “É um tratamento que visa não só a diminuição das crises, mas também a prevenção delas”, aconselha Paulo de Carvalho. Além disso, em casos mais graves da doença de Ménière, há a possibilidade de cirurgia para evitar as crises “Esse tratamento cirúrgico é para casos selecionados e é extremamente raro”, alerta o otorrino.